Sala de Aula

Acenei com a mão - Até para a semana... - despedi-me. Saí pouco depois dele e caminhei diretamente para minha casa, onde passei o resto do dia, como de costume, com a minha família.

Mais uma vez a mesma aula. Rachel não queria falar comigo e eu pouco me importava com isso. Andava cheio de stresses em casa e o que menos queria era uma gaja chata atrás de mim. Entrei na sala já atrasado, sentando-me la atras, no mesmo sitio de sempre. O homem começou a dizer que iriamos ter de desenvolver um estudo caso, e que seria só com um parceiro durante muitos meses ou semanas. E começou a dizer os nomes

Naquela manhã, atrasei-me. Tinha passado uma noite horrível e aguentar-me tinha sido complicado. Consegui, mas acabei por ter de vir de autocarro para a escola, com todo o cansaço já àquelas horas. Nem tive tempo de me pentear, ia com um rabo de cavalo mal feito e uma t-shirt lamechas e umas calças de fato de treino cinzentas. Parecia que tinha acabado de acordar e só ia buscar o jornal ao jardim. Até as olheiras eram enormes. As minhas olheiras nunca eram enormes. Subi as escadas o mais rapido que pude, bati à porta e pedi para entrar. O professor olhou para mim com uma cara desprezante e, enquanto eu entrava, disse - Mesmo a tempo, menina Amelia. - e olhou para o banco onde eu me sentei, no sítio do costume, para continuar - Amelia Peterson e Luke Prescott, fizeram um bom trabalho a semana passada - franzi o sobrolho e olhei para trás de mim. - O que é que se passa? - murmurei a Luke.

Nao me apetecia nada estar cá, muito menos numa aula a saber que tinha imenso para fazer . Quando Amelia me perguntou o que se passava, nem tinha percebido que ela nem estava na sala.
-Temos um trabalho para fazer. - Disse, simplesmente. Ele ia entregar os temas a seguir.

Só quando vi bem a cara dele é que percebi. Ainda o odiava um bocadinho, talvez sem motivo, mas odiava. E desde que tinha visto aquela cena no rio que esse ódio era mais visível. E agora tinha que fazer um trabalho com ele. Mais um. Yupi doo. - Yey - disse, ironicamente, e virei-me novamente para a frente.

Revirei os olhos, mesmo lixado com a situaçao. O homem veio dar os papeis e esperei que ela se voltasse novamente para ver o tema. O dia não podia melhorar. O tema era mesmo fodido, nem sabia como iriamos encontrar estas coisas.
-Amelia. - Chamei, visto que ela nao se virava.

Só me virei quando ele me chamou, bufando primeiro. Virei a cadeira e encostei-me a ela. - Sobre o que é? - perguntei, apontando com o queixo para a folha.

Bufei e revirei os olhos. Só me faltava esta agora ter a mania que era superior.
Disse-lhe o tema e expliquei o que ele queria que fizessemos em suma. Nao estava a entender porque estávamos assim um com o outro, visto nao termos confianças altas para isso.

E eu é que era a bipolar. Está claro. - Tudo bem, achas que consegues largar a loira por um minuto para fazermos este trabalho? - depois do comentário senti-me ligeiramente mal por dentro, mas não o mostrei. Não desta vez.

Franzi o sobrolho e ri-me.
-Miuda, acho melhor te acalmares com os comentarios. Se nunca viste sexo, problema teu. Nao era ,de certeza para veres. E nao me falas assim, nao te conheço de lado nenhum. Marcamos horas para fazer este trabalho, nao te preocupes. - Disse, seco como tudo. Mesmo frio e directo, nunca lhe falara assim.

Depois daquilo, ainda me senti pior. O objetivo era sentir-me irritada e pregar-lhe um estado, mas as lágrimas vieram-me aos olhos. Estúpida, pensei para mim mesma, enquanto me levantei e corri para fora da sala, para o fundo do corredor, onde estavam as casas de banho. Entrei e traquei a porta, olhei-me ao espelho e comecei a chorar. Davam-me ataques daqueles às vezes. Ajoelhei-me junto da sanita e levantei a tampa o mais rapidamente possivel, para poder tossir e vomitar para dentro.

Merda. Tinha sido demais. Nunca ousava este tom porque sabia que era demais. Esperei que tocasse e ela nunca mais voltava, nem sequer sabia onde estava. Comecei a sentir-me mal e encontrei-a na casa de banho, completamente palida e a tentar vomitar.
-Estás doida?!

No vómito vinham algumas gotas de sangue, mas nada preocupante, nada que não fosse costume. Apressei-me a levantar-me e a empurrá-lo para fora da casa de banho para fechar a porta com toda a força - Vai te embora - gritei, com uma voz aguda - Quem me dera - comentei, mais baixo, para mim

Assustei-me ainda mais quando me tentou fechar a porta. Empurrei com mais força e entrei, tirando-a dali. Ela estava a forçar o vomito. Peguei nela e senti o corpo dela mesmo fraco. Fiquei mesmo assustado e levei-a ate ao lavatorio, lavando-lhe a cara e a boca.
-O que aconteceu?Vinha falar contigo sobre o que aconteceu na aula e vejo-t assim.

Sentia-me demasiado envergonhada e chateada para falar. Olhei pela janela, evitando ter de o encarar. - Não é nada - murmurei entre dentes, continuando a observar o exterior.

Ela ainda estava toda a tremer. Obriguei-a a olhar para mim.
-Queres que te leve à enfermeira ou a algum sitio? - Ver uma rapariga assim deixou-me mesmo preocupado, ela parecia doente ou algo assim.

Abanei lentamente a cabeça e tentei levantar-me - Só preciso de apanhar um taxi para casa - disse quase num sussurro, e apoiei-me nele para me conseguir finalmente pôr de pé.

Ajudei-a a sair da casa de banho e tentei endireita-la.
-Nem penses, eu levo-te. Nao vais num taxi neste estado.

Tentei afastá-lo mas estava com tão poucas forças que o resultado foi nulo - Não preciso, a sério. - insisti. Não ia para casa num carro em que provavelmente ele tinha estado montado na loira.

Sera que era algo de alimentaçao~? Ela parecia magra mas nao sabia, nem tinha confiança para isso.
-Não sejas parva. Vamos. - Encaminhei-nos para o meu carro e pus-lhe o cinto, tentando nao lhe tocar muito.

Encostei-me ao banco e fechei os olhos. Estava com demasiado pouca energia para falar, mexer-me ou tentar contrariá-lo a ir de taxi. A verdade é que precisava que me pusessem em casa. Ainda por cima estava sozinha. Quando o senti a encostar junto da minha casa, abri devagar os olhos - Obrigada - murmurei e desapertei o cinto.

O resto da noite passou muito rapidamente, não sei bem porquê. Só sei que foi tiro e queda, atirei-me para a cama e adormeci, ainda com a roupa que tinha usado durante o dia e com a luz acesa. Acordei de manhã cedo com a mesma luz a magoar-me os olhos, o que provocou algumas dores ligeiras nessa área. Nada que eu não estivesse habituada. Vesti qualquer coisa e fui depressa para a faculdade, esperando encontrar Luke. Estranhamente, queria muito estar com ele, queria muito vê-lo, e apareci tão adiantada na faculdade, que as únicas pessoas que lá estavam eram professores e funcionários. Esperei-o na biblioteca, mas ele não apareceu, apesar de muita gente o fazer aos poucos. Finalmente, chegou a hora da aula e sabia que aí, ele não podia fugir. Mas na verdade, fugiu mesmo. Naquele dia, não o vi. Será que estava a evitar-me?

Ela nao me chegou sequer a responder. Aquele dia foi caotico, nem queria sequer pensar. No dia seguinte, fui por os miudos a escola e cheguei cedo a escola. Estava tao cansado e stressado que ja nem tinha tabaco, fui comprar ali perto e antes qeu tocasse, sentei-me nas escadas e acendi um cigarro.