Habitação da Amelia

Agarrei-a bem contra mim, beijando-a intensamente. Ela era virgem, não ia avançar muito mais. Ou entao era muito apertada, mas apostava mais na primeira opçao. Deixei apenas um dedo dentro dela,  enquanto o outro pressionava o seu clitóris, estimulando-o demoradamente.
- Estou a magoar -te?

Um bocadinho, estava. Mas eu não ia dizer isso, não me ia confessar. Abanei simplesmente a cabeça, ainda gemendo, cada vez mais poderosamente. Aproximei-me dele e beijei-o um pouco, e encostei a minha cabeça ao seu ombro, sentido ainda algumas dores dentro de mim, dores com prazer. Era uma sensação estranha e nada, nada má.

Cheguei-a mais para mim, ela era mesmo apertada. Com uma mao passei pelo seu corpo todo, demoradando-me na curva das suas costas e no rabo. Enfiei mais dentro o dedo, juntando outro tentando nao a magoar. Ela ja tremia muito, nao devia faltar muito para se vi. Beijei-lhe o pescoço todo, deixando um mini chupao, subindo para os labios e beijando-a selvaticamente.

Deixei de ter controlo do meu corpo até atingir o (que acho ser o) orgasmo. Nesse momento, gemi ao mais alto ponto, sentido também uma poderosa dor dentro de mim. Expirei fundo, recuperando lentamente a minha respiração a seguir.

Apertei-a contra mim quando se veio, beijando-a demoradamente e apertando o seu corpo de encontro ao meu. Passei -lhe as maos pelas costas e tirei com calma os dedos de dentro dela. Olhei-a nos olhos.

Quando o olhei novamente nos olhos voltei à realidade e percebi o que tinha acabado de fazer. Tentei afastar-me dele, batendo contra o balcão. Sei mudar a direcção do meu olhar, subi as calças para cima. Finalmente, saí dali e dirigi-me à mesa de jantar, apoiando as mãos lá, como se nada tivesse acontecido.

Assenti para mim proprio a cabeça. Nem ia coementar isso. Estava um pouco excitado, mas controlava-se. Ajeitei a camisa que ela tinha desabotoado. Arrumei o que tinhamos desarrumado e fiquei a olha-la, agor amesmo sem saber como agir.

Olhei para baixo e fechei a braguilha. Depois, respirei fundo. Aguenta-se, por favor, só mais umas horas. Pensei para mim própria e fechei os olhos, contando até cinco. O meu plano era fingir que nada daquilo se tinha passado. Até a mim própria. Eram só efeitos secundários dos comprimidos. Virei-me de costas e sacudi as mãos, sorrindo - Já te apresentei à Gina? - mudei assunto. Só depois percebi que mudei para o assunto errado, porque tinha acabado de apresentar. Gina era a minha cadela, que estava lá fora. Essa Gina ele não conhecia. Mas a outra acabara de conhecer. Assim nunca vais conseguir fingir que isto não aconteceu.

Fiquei completamente aparvalhado com aquilo. Passei-me e bloqueei-lhe a passagem, agarrando-a pela cintura, fazendo-a olhar para mim.
-Podes parar de fingir que nao acontecue nada?

Parei de respirar durante uns segundos, ao mesmo tempo que o sorriso me desapareceu da cara. Subitamente, fiz força para que ele me largasse - O quê? - perguntei, como se não percebesse.

Larguei-a no instante em que se debateu. Ate parecia que a estava a magoar.
-Tu sabes, Amelia.

Revirei os olhos. Que se lixe o disfarce. Eu não era parva e ele sabia-o - E queres que diga o quê? - sorri cinicamente e sentei-me numa cadeira, apoiando a cabeça nas mãos angelicamente - O quão bom foi? Ou as minhas histórias sexuais? Ou falamos disto? Diz-me lá - resmunguei sorridente.

Bufei. Esta miuda dava comigo em doido. De um momento para o outro, estava a por-lhe os dedos e ela a parar subitamente . Depois, estava aqui com bipolaridades.
-Olha, nao digas nada!

Bufei também - E não digo - refilei, resistindo as lágrimas nos olhos. Cabrão cabrão cabrão. Passei por ele e fui a correr para o quarto, fechei a porta com toda a força e, ainda a ouvir o eco do barulho deste batimento, voltei a gritar, ainda mais alto - Podes ir embora. Obrigada pelo jantar. - disse e encostei-me à porta.

Bufei e fui ate a porta. Bati na porta.
-Pára com isso, Amelia! Não te escondas das coisas. Porra. - Suspirei. Isto estava a dar comigo em doido. Já em casa era o que era, e acabara de estar com uma rapariga que era mais complicado que eu mais o meio em que estava envolvido. Eu, definitivamente, nao media as consequencias.

Isto era uma complicação. Eu era uma complicação. Ora o odiava, ora o adorava, ora o devia odiar, ora o devia adorar. Ora me devia curar, ora devia morrer, ora devia viver, ora devia não fazer um cu. Eu não me decidia, eu não me sabia decidir, porque nunca tinha tido o raio de uma vida para fazer decisões pequenas. As minhas decisões eram logo coisas como "morrer ou não morrer". Literalmente "ser ou não ser". Nunca tinha aprendido a fazer pequenas decisões como "sumo de laranja ou sumo de maçã ao pequeno almoço?", como queriam que eu decidisse se queria morrer ou não? Ou se devia ser amiga das pessoas ou não? Ou se devia ter experiências moralmente incorrectas ou não? Se calhar devia levantar-me e ir lá fora explicar-lhe, mas isso fazer-me-ia parecer ainda mais bipolar. Ele já achava que eu era chanfrada o suficiente. Por isso calei-me e fiquei sentada, à espera que ele fosse embora.

Aquilo frustrou-me completamente. Nao sei que raio de voltas dei, mas la consegui abrir a porta e vi-a sentada no chao, completamente com ar de quem estava a espera de que eu me fosse embora para sair dali. Sentei-me ao seu lado com a maior naturalidade do mundo.
-Podes explicar-me o que raio se está a passar? E nao, nao me vou embora assim do nada.

Olhei para ele e senti-me estranhamente confortável. Mais uma lágrima escorreu-me dos olhos e quis ser completamente honesta com ele, mas não podia. Só esperei que ele compreendesse - Eu, eu não posso dizer... mas desculpa, desculpa eu ser assim... - desculpei, resistindo aos soluços e ao choro que estava prestes a sair - A culpa não é tua... - continuei - é só que... não podes, não queres mesmo saber..

Suspirei e puxei-a para mim, beijando-lhe a cabeça e acariciando as suas costas.
-Não me afastes então , Amelia. - Toquei-lhe na cabeça suavemente. - Nao queres contar, nao contes. - Fi-la olhar para mim e dei-lhe um beijo suave.

Desta vez, retribui o beijo, nem que incoscientemente. Não era o mais correto, mas também não era errado. Só não queria ir mais longe. Não desta vez. Finalmente, afastei-me e voltei a encostar a cabeça à parede. - Desculpa. - murmurei novamente, fixando os olhos no chão.

Encolhi os ombros e suspirei.
-Só quero entender, nem que seja um pouco do que vai para ai. - Levei a mao a cabeça dela e dei-lhe uma festinha. -Podes confiar em mim, acredita.

Ajustei a minha posição, de maneira a ficar mais frontal para ele. Passei as mãos pela cara dele e deixei-as lá ficar, carinhosamente. Continuei séria, mas as lágrimas deixaram de cair - É melhor não saberes, acredita em mim - disse, uma última vez. Se ele insistisse, eu era capaz de dizer. Estava demasiado vulnerável para mentir muito tempo, ou para não confiar nele - Acho que é só para o teu próprio bem... - e o meu, mais que tudo, afinal...

-Quando quiseres falas, agora temos de te por a rir. - Sorri e acariciei-lhe a cara, observando-a lentamente. Nao queria insistir, podia ser algo pessoal.Havia algo nela, isso eu sabia. Mas ja tinha percebido tambem que ela precisava de tempo. Levantei-me com calma e estiquei-lhe a mao. - Vamos passear?

Desviei por alguns segundos o olhar para a janela. Era de noite, e lá fora via-se o vento a bater contra as árvores. Uma coisa era certa, estava frio. Eu não podia sair e apanhar frio. Uma constipação marcava-me um fim ainda mais rápido. Mas não podia recusar. Suspirei. - Não estará frio? - perguntei, apontando com o queixo lá para fora. Não estava a negar, no final de contas.

-Vamos de carro. - Sorri e olhei-a, como que a insistir. Sorri e peguei no casaco dela que estava em cima da cama. - Estou a espera.